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Você não encontrará a própria voz se não a usar.

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Aquela vez que criei uma "campanha publicitária" e deu certo.

Atualmente eu trabalho em uma empresa de cursos (presenciais e online). A minha atuação como produtora audiovisual na empresa engloba tudo que tenha vídeo, seja para qualquer necessidade do grupo presencial, seja para o online. Como o meu trabalho na prática é dar suporte audiovisual à empresa, eu não tenho necessariamente um setor específico dentro dela, mas atuo muito em conjunto com o setor de markerting e o online.

A melhor parte do meu trabalho, além de mexer com vídeos, é que atualmente eu tenho uma liderança direta que aceita e até estimula novas ideias, mesmo sobre coisas que não sejam diretamente da minha alçada. Isso me permite fugir um pouco do caráter eminentemente de execução que a minha atividade apresenta. Isso me permite criar.


Uma coisa que percebi quando transformei o meu hobbie de audiovisual em trabalho é que por ser uma função de execução, muitas vezes as coisas já chegam prontas. "Eu quero um vídeo assim, com esse formato e conteúdo." Minhas origens são o Youtube, no meu canal eu sempre tive um papel completo em toda a criação, desde a ideia, passando pelo planejamento e a produção. Quando você trabalha para alguém, mesmo que para outros canais do Youtube, muitas vezes a gente perde um pouco dessa liberdade criativa que sempre me cativou no audiovisual.

Foi por isso resolvi tomar coragem e apresentar duas propostas de campanhas de publicidade: a semana da mulher e a da semana do consumidor.


A campanha da semana da mulher que bolei não foi nada inovadora, mas o seu objetivo era adequar a publicidade da empresa ao nosso contexto atual, onde as questões sociais estão sendo cada vez mais debatidas. O meu objetivo era pegar uma data muito importante, que sempre foi traduzida como dia de exaltar a mulher com frases prontas, bombons e flores, e criar uma reflexão. Se é o dia da mulher, vamos pensar no que ser mulher representa no mundo. E quem melhor para falar sobre isso que a própria mulher?


Mas como linkar a questões sociais da mulher a uma empresa de cursos? É preciso ter um nexo. Essa foi a primeira questão que me deparei. Peguei a lousa do estúdio e resolvi fazer um brainstorm:

-O que somos? Empresa de cursos;

-Objetivo: Melhoria profissional dos indivíduos;

-Qual nossa relação com mulheres: Temos alunas e professoras mulheres;

-Nexo: Auxiliamos na qualificação profissional de mulheres;

-Relevância: No mundo onde ainda existe disparidade salarial por gênero, as mulheres tem que lutar para se provar tão ou mais eficientes e qualificadas quanto os homens. Por isso é de grande necessidade o contínuo aperfeiçoamento profissional de mulheres.

Bingo!


Tendo gestado o embrião da ideia corri para o Canva e montei um briefing com toda a ideia. Esse é um processo que aprendi no curso Criatividade e Processo Criativo para Designers do Thiago Rodrigues dos Santos e que levo para a vida. Ele fala que nunca é bom entregar uma ideia solta, que por mais pequeno que seja o que você esteja produzindo tem muito mais chances de vingar se for bem estruturado e bem apresentado.



Sim, eu fiz um curso de criatividade para Designers e não, eu não sou Designer. Mas, se tem uma coisa que eu acredito é que eu preciso saber muito de audiovisual para ser uma boa videomaker, mas que quanto mais eu souber sobre outras áreas, mais completa eu vou ser não só como profissional, mas como ser humano.



Mostrei a minha apresentação para minha coordenadora e ela curtiu. Disse que tinha boas chances de ser aprovada pela diretoria. O que de fato aconteceu! Yay! Sentamos para definir alguns detalhes como quem faria parte da campanha, como seriam os conteúdos, seus formatos, que ação faríamos junto à campanha, qual seria o calendário de publicação, prazos e deadlines. Com base nisso a empresa entrou em contato com as mulheres selecionadas, todas toparam e agendamos as gravações.

Como estratégia para as gravações resolvi fazer um bate-papo informal. Esse foi um processo bem curioso, onde eu pude aplicar o curso que fiz de direção de entrevista e depoimento. Como eu adoro estudar sobre documentários resolvi dar essa estética às entrevistas para que ficasse algo natural e consegui botar em prática alguns conhecimentos adquiridos nos diversos vídeos que já assisti sobre produção de documentários. Foi engrandecedor poder ouvir outras mulheres falarem sobre suas vivências e alguns pontos me chamaram atenção: - Mesmo nem todas tendo sofrido tanto com as questões de gênero diretamente, elas reconhecem que essas questões existem e devem ser discutidas (empatia S2). - A importância da educação familiar no empoderamento feminino. - O peso da idade, do poder e do privilégio na concepção de mulher. Atrelado aos depoimentos montamos uma ação. Afinal, não basta falar, tem que fazer. ;) A ação visava utilizar a ideia de sororidade e educação. Uma mulher incentivando a outra para se aperfeiçoar profissionalmente. Basicamente, ação consistia em permitir que as alunas indicassem outras mulheres para assistir uma semana inteira de aulas gratuitamente.

Foi uma ação que casou bem com o depoimento de uma das professoras convidadas. Como


mulher negra, a docente conta que em seu cotidiano muitas vezes percebeu situações onde quase não se tinham mulheres e entendeu que o seu papel social era puxar as colegas para esses lugares. #sororidade

O depoimento de uma ex aluna que é bombeira também foi muito rico para a discussão. Em uma de suas falas comentou que quando atuou como salva-vidas, muitas vezes o homens preferiam se afogar a serem salvos por uma mulher e trouxe a ideia de como o machismo é prejudicial também para os homens. Pra mim foi uma campanha de sucesso, pois gerou um conteúdo muito relevante e me proporcionou uma satisfação imensa em produzir. Espero ter sido relevante na vida de alguém com esse conteúdo. :)


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